Projéteis Expansivos
No mercado americano e também no Brasil existem inúmeras opções de munições para defesa
pessoal, sendo que a maioria utiliza projéteis expansivos. Esses
produtos são desenvolvidos basicamente com o propósito de diminuir
penetração excessiva, que pode colocar em risco terceiros. Os projeteis
expansivos fazem exatamente isso, distribuem mais energia no alvo e
diminuem a penetração excessiva. O que acontece é que existe uma gama
enorme de produtos que podem ou não ser mais eficazes em cada situação.
É importante entender que cada caso é um caso. O comportamento de uma
munição específica pode ter um resultado muito diferente dependendo de
certas variáveis, como: tipo de arma, carga, tamanho de cano, peso do
projétil, velocidade, capacidade de transfixar obstáculos, quantas
barreiras existem antes de atingir o alvo, qual o material do alvo sendo
atingido (ossos, músculos, roupas pesadas ou leves), calibre, entre
inúmeras outras coisas que podem influenciar. Uma linha de munições pode
ser excelente em uma 9mm compacta, mas pode ser péssima em uma .40
S&W com tamanho padrão. Um projétil passando por uma parede interna
típica nos EUA (dry wall) pode não expandir nada, pois a cavidade no
projétil pode “plugar”, ou ser preenchida por um material parecido com
gesso, não expandir e passar por todas as paredes da casa, pondo em
perigo terceiros. Outro tipo de munição, mesmo expansiva, pode
fragmentar muito, perdendo quase toda sua energia ao passar por um
obstáculo, que pode ser desejável ou não, dependendo da situação.
O que quero frisar é que não existe munição mágica, que é boa pra
todo tipo de situação e todo tipo de arma. Em minha opinião, você deve
analisar qual a situação de defesa é mais provável estar e escolher sua
munição a partir daí. Os projéteis expansivos têm seu lugar, mas também
tem limitações, foram projetados para um fim específico, então,
novamente, é importante avaliar se é a munição correta para sua situação
específica.
As linhas de munições defensivas sofrem alterações continuamente,
sendo que algumas ou não existem mais ou foram reintroduzidas com outros
nomes. Geralmente existem estratégias de marketing conjuntamente com
desenvolvimento técnico. Ou seja, pode ser que a melhor munição para
você não seja a da caixinha bonita com promessas de derrubar um
elefante, de susto, no primeiro tiro. O que eu recomendo fazer é
procurar algum vídeo demonstrando o efeito de uma munição específica, em
uma arma com características parecidas com a sua. Existe uma infinidade
de vídeos onde é possível verificar os resultados em gelatina
balística. O que eu geralmente busco quando analiso estes testes é
expansão controlada, mas suficiente, com expansão de todas as pétalas do
projétil, sem perda da jaqueta ou fragmentação excessiva, com no mínimo
12″ de penetração e no máximo 16″.
Como existem muitas munições defensivas usando projéteis expansivos,
vou falar rapidamente sobre duas linhas importadas de munição, só para
exemplificar algumas diferenças nesse tipo de projétil.
Speer Gold Dot: É um tipo de munição que utiliza projéteis expansivos do tipo “bonded”,
onde é feita uma espécie de solda entre o chumbo e a jaqueta de latão.
Isso faz com que o projétil expanda, mas não perca a jaqueta, nem
fragmente muito. Esse tipo de munição (bonded) é muito
utilizada em rifles de caça, já que a fragmentação excessiva não é
desejada e pode não abater o animal. A mesma coisa acontece com um ser
humano. Se acontecer muita fragmentação, incluindo separação da jaqueta,
o projétil se despedaça e perde energia mais rápido, pode não ter a
penetração adequada para atingir órgãos necessários para parar a ameaça.
Federal Hydra-Shok: É também uma munição que utliza projéteis
expansivos, mas ela tem uma espécie de vareta no meio da cavidade, na
ponta do projétil. Segundo a Federal, isso propicia uma expansão mais
rápida, confiável e, ao mesmo tempo, mais penetração. Se isso é
marketing ou não, não sei. Mas vi alguns testes do .380 ACP em pistolas
de bolso, disparando contra uma gelatina balística com três camadas de
jeans na frente, feitas por pessoas não ligadas à Federal, e os
resultados foram excelentes. É a munição que uso quando porto minha
Glock 42. Note que resultado em gelatina balística pode não ser a mesma
coisa que numa situação real, mas avaliando as situações que eu
provavelmente teria que usar minha arma para defesa, foi a minha
escolha.
Em geral, uma munição que utliza projéteis expansivos e não é “bonded“,
e, além disso, a cavidade de expansão do projétil é muito grande, tende
a expandir mais, mas, ao mesmo tempo, pode perder parte da jaqueta ou
se fragmentar em demasia, perdendo seu poder de penetração. Já uma
munição com a cavidade muito pequena, pode se encher de materiais
diversos antes de atingir o alvo, e não expandir nada. A velocidade
influencia também, quanto mais veloz, mais fácil o projétil fragmentar
antes de penetrar suficientemente o corpo do agressor.
Na verdade existe um ponto otimizado para cada arma, onde, novamente,
todas as variáveis mencionadas no inicio do texto influenciam. Veja
vídeos, contate o fabricante (em muitos casos eles respondem com dados
técnicos), se falar inglês, leia comentários em fóruns especializados.
Infelizmente não existe resposta simples e pronta nesse caso. Achar a
melhor munição para a sua situação de defesa e para a sua arma requer
muita pesquisa e paciência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário